Telles Logo
Ver todos os artigos

ago 18, 2023
·
views
·
likes

Arquitetura GraphQL

Flexibilidade e Eficiência na Comunicação de Dados com GraphQL

No mundo acelerado da desenvolvimento de software, a eficiência na comunicação de dados é essencial para o sucesso de qualquer aplicação. Nesse cenário, surge a arquitetura GraphQL, uma abordagem revolucionária que redefine como as APIs são projetadas, permitindo uma interação precisa, flexível e eficiente entre clientes e servidores. Neste artigo, exploraremos em detalhes a arquitetura GraphQL, suas particularidades e como ela se diferencia das abordagens tradicionais de API REST.

Camada de Cliente e Front-end

A experiência do usuário começa na interface do aplicativo, onde os componentes de UI desempenham um papel crucial. A arquitetura GraphQL oferece uma vantagem distinta aqui, permitindo que os desenvolvedores solicitem apenas os dados necessários para cada tela. Isso elimina o problema do overfetching, onde os clientes recebem mais dados do que precisam, e o underfetching, onde os clientes precisam fazer várias solicitações para obter informações completas.

Os clientes GraphQL se comunicam com a camada de servidor usando bibliotecas específicas, como o Apollo Client ou o Relay, simplificando o processo de criação e envio de consultas GraphQL. Essas bibliotecas facilitam o gerenciamento do estado da aplicação, otimização de consultas e gerenciamento de cache.

Camada de Transporte

A arquitetura GraphQL utiliza o protocolo de transporte HTTP para enviar solicitações e receber respostas entre o cliente e o servidor. A diferença crucial é que, ao contrário das APIs REST, onde cada endpoint corresponde a um recurso específico, o GraphQL utiliza um único ponto de extremidade (/graphql) para todas as operações.

Essa abordagem simplifica a configuração do servidor e permite que os clientes solicitem exatamente os dados de que precisam, evitando a necessidade de múltiplos endpoints ou versões.

Camada de Servidor GraphQL

O coração da arquitetura GraphQL reside na camada de servidor, onde ocorre o processamento das consultas e mutações. O esquema GraphQL desempenha um papel central, definindo os tipos de dados disponíveis, os campos em cada tipo e as operações permitidas. O esquema age como um contrato claro entre o cliente e o servidor, eliminando ambiguidades na comunicação.

Os resolvers são componentes cruciais nessa camada, responsáveis por buscar e retornar os dados solicitados. Cada campo no esquema possui um resolver correspondente, que pode buscar dados de bancos de dados, serviços externos ou qualquer outra fonte. Isso permite uma personalização granular do processo de obtenção de dados.

Camada de Acesso a Dados

Uma das particularidades marcantes do GraphQL é a modelagem direta de relacionamentos entre tipos de dados no esquema. Isso elimina a necessidade de múltiplas chamadas para recuperar informações relacionadas, como é frequentemente necessário em APIs REST. Os resolvers cuidam de buscar dados de várias fontes, como bancos de dados e APIs externas, e montar a resposta final.

Camada de Backend

A camada de backend é onde a lógica de negócios e a segurança são tratadas. A lógica do aplicativo, incluindo validações e regras de negócios, é implementada aqui. Além disso, a autenticação e a autorização são tratadas para garantir que apenas usuários autorizados tenham acesso aos dados e operações específicas.

Camada de Persistência

A persistência de dados é uma parte fundamental da arquitetura GraphQL. Os dados podem ser armazenados em bancos de dados tradicionais, bancos de dados NoSQL ou quaisquer outras fontes de dados. Os resolvers na camada de servidor acessam essas fontes para recuperar os dados solicitados pelos clientes.

Vamos ver um exemplo:

Certifique-se de ter o Node.js instalado em sua máquina antes de começar.

Passo 1: Instale as dependências

npm init -y
npm install apollo-server graphql

Passo 2: Crie um arquivo index.js para configurar o servidor GraphQL.

server.js
const { ApolloServer, gql } = require('apollo-server');
 
// Exemplo de dados em memória
const authors = [
  { id: '1', name: 'J.K. Rowling' },
  { id: '2', name: 'George Orwell' },
];
 
const books = [
  { id: '1', title: 'Harry Potter and the Sorcerer\'s Stone', authorId: '1' },
  { id: '2', title: '1984', authorId: '2' },
];
 
// Defina o esquema GraphQL
const typeDefs = gql`
  type Author {
    id: ID!
    name: String!
    books: [Book!]!
  }
 
  type Book {
    id: ID!
    title: String!
    author: Author!
  }
 
  type Query {
    authors: [Author!]!
    books: [Book!]!
    author(id: ID!): Author
    book(id: ID!): Book
  }
`;
 
// Implemente os resolvers
const resolvers = {
  Query: {
    authors: () => authors,
    books: () => books,
    author: (_, { id }) => authors.find(author => author.id === id),
    book: (_, { id }) => books.find(book => book.id === id),
  },
  Author: {
    books: (author) => books.filter(book => book.authorId === author.id),
  },
  Book: {
    author: (book) => authors.find(author => author.id === book.authorId),
  },
};
 
// Crie o servidor Apollo
const server = new ApolloServer({ typeDefs, resolvers });
 
// Inicie o servidor
server.listen().then(({ url }) => {
  console.log(`Servidor rodando em ${url}`);
});

Agora você tem um servidor GraphQL básico em Node.js usando Apollo Server. Você pode executar este código com node index.js e acessar o playground GraphQL em http://localhost:4000

A partir do playground, você pode criar consultas como as que discutimos anteriormente, como recuperar todos os autores e seus livros, ou recuperar informações específicas de um livro ou autor.

Uso de Mutations:

Mutations no GraphQL são usadas para realizar operações que modificam ou adicionam dados. Assim como as queries são usadas para recuperar informações, as mutations são usadas para criar, atualizar ou excluir dados. As mutations têm uma estrutura semelhante às queries, mas são definidas na seção type Mutation do esquema GraphQL.

Aqui está um exemplo simples de como você pode definir e usar mutations em uma API GraphQL usando Node.js e a biblioteca Apollo Server:

Use o codigo acima para, você pode testar as mutations usando um cliente GraphQL, como o Playground fornecido pelo Apollo Server. Aqui estão alguns exemplos de mutations que você pode executar:

Criar um novo autor:

mutation { createAuthor(name: "J.K. Rowling") { id name } }

Criar um novo livro associado a um autor:

mutation {
  createBook(title: "Harry Potter and the Sorcerer\'s Stone", authorId: "1") {
    id
    title
    author {
      id
      name
    }
  }
}

Essas mutations ilustram como você pode usar o GraphQL para criar e associar dados relacionados, como autores e livros, em uma API. Claro, em uma implementação real, você lidaria com casos de validação, tratamento de erros e possivelmente integrações com sistemas de armazenamento de dados.

Considerações de Desempenho e Escalabilidade

A arquitetura GraphQL oferece um controle mais preciso sobre o desempenho, uma vez que os clientes especificam os campos necessários em suas consultas. Além disso, estratégias de cache podem ser implementadas para otimizar ainda mais o desempenho e reduzir a carga nos servidores.

Quanto à escalabilidade, a arquitetura GraphQL é altamente escalável. A flexibilidade oferecida pelas consultas sob demanda permite que os sistemas cresçam sem a necessidade de criar múltiplas versões da API ou comprometer o desempenho.

Prós e Contras da Arquitetura GraphQL

A arquitetura GraphQL oferece uma abordagem inovadora para o design de APIs, trazendo uma série de benefícios, mas também apresentando alguns desafios. Vamos explorar os principais prós e contras dessa abordagem.

Prós

1. Consultas Personalizadas

Uma das maiores vantagens do GraphQL é a capacidade de os clientes solicitarem exatamente os dados de que precisam. Isso reduz o overfetching e o underfetching, resultando em respostas mais rápidas e economia de largura de banda.

2. Flexibilidade

O esquema flexível do GraphQL permite que você evolua a API sem criar várias versões. Você pode adicionar novos campos ou tipos sem impactar as implementações existentes.

3. Modelagem Direta de Relacionamentos

GraphQL permite que os clientes solicitem dados relacionados em uma única consulta, eliminando a necessidade de várias chamadas como em APIs REST. Isso melhora a eficiência e simplifica o processo de obtenção de informações complexas.

4. Documentação Introspectiva

O próprio esquema GraphQL serve como uma documentação autoexplicativa. Os desenvolvedores podem explorar e entender a API diretamente usando ferramentas de introspecção.

5. Redução de Overhead

Devido à natureza sob demanda das consultas GraphQL, há menos dados desnecessários sendo transferidos, resultando em um melhor desempenho e menor consumo de recursos.

6. Poderosas Mutations

As mutações no GraphQL permitem que os clientes definam exatamente quais campos estão sendo modificados, fornecendo maior flexibilidade para operações de criação, atualização e exclusão.

Contras

1. Curva de Aprendizado

A curva de aprendizado pode ser íngreme para desenvolvedores que não estão familiarizados com a sintaxe e os conceitos do GraphQL.

2. Complexidade do Resolver

Resolver lógico para cada campo pode se tornar complexo em sistemas grandes e complicados, exigindo uma boa organização e gerenciamento.

3. Risco de Overfetching em Resolvers

Embora GraphQL reduza o overfetching nas consultas, ainda é possível ocorrer overfetching em resolvers mal implementados, o que pode afetar o desempenho.

4. Potencial para Consultas Grandes

Devido à natureza flexível das consultas, os clientes podem inadvertidamente fazer consultas muito complexas e pesadas, resultando em gargalos de desempenho.

5. Cache mais Complexo

O cache em GraphQL pode ser mais complexo de implementar, especialmente quando se lida com resolvers personalizados.

6. Menos Ferramentas e Bibliotecas Maduras

Apesar do crescimento contínuo da comunidade GraphQL, algumas ferramentas e bibliotecas podem não ser tão maduras quanto as disponíveis para abordagens REST.